Luta Caminhoneiro
Apesar da importância essencial para o país que possui os companheiros caminhoneiros, seu peso econômico, etc., isso contrasta com a situação difícil que a categoria enfrenta. Os empresários e seus agentes, independente do setor econômico a que pertença, vêm há tempos implementado uma verdadeira política de arrocho e superexploração contra os companheiros.
Os trabalhadores, sejam efetivos, sejam os chamados "autônomos", que estão endividados pagando seu caminhão, sentem na pele o verdadeiro arrocho e defasagem nos salários, nos fretes, a carestia da indústria dos pedágios, preço abusivo do combustível, gastos com manutenção, trânsito e condições de tráfego completamente insalubres, condições péssimas e desumanas em locais de entrega ou coleta, desrespeito e falta de reconhecimento profissional, etc. Todos estes, são problemas sérios e cotidianos que nos deparamos e que tem tornado uma verdadeira tortura diária, ser motorista profissional no Brasil . Não à toa, que o número de caminhoneiros vem se reduzindo anualmente em nosso país.
O oportunismo das empresas e seus atravessadores, que aumentam de forma vertiginosa o número de entregas e coletas em troca de salários e fretes cada vez menores e ínfimos, tornou-se gritante e insustentável. Estes abutres estão tirando proveito da atual situação de nossa desorganização e fragmentação.
As organizações que dizem nos "representar", não passam de agregados de oportunistas e agentes dos patrões. Não conscientizam, nem organizam e muito menos mobilizam os trabalhadores para a luta em defesa de condições dignas de trabalho, salário e frete.
O Brasil, país de dimensões continentais, com seus mais de 8,5 milhões de territórios e uma população com mais de 200 milhões de pessoas; possuindo um sistema de transportes estruturalmente dependente de rodovias e caminhões para escoamento, produção e circulação no país, depende essencialmente do trabalhador caminhoneiro como um dos pilares para o funcionamento da economia nacional.
No entanto, embora o peso, mais do que reconhecido sobre nossa importância para o país, não nos vemos minimamente valorizados. Justamente o contrário, estamos a cada dia submetidos a condições precárias, degradantes mesmo, sujeitos a baixos salários e fretes que mal conseguem garantir a reprodução dos caminhoneiros empregados e muito menos a manutenção e abastecimento dos caminhões dos companheiros "autônomos".
Eles querem nos dividir para nos dominar
Os empresários de todos os setores da economia nacional, muito têm se aproveitado da estrutura profissional que envolve os trabalhadores caminhoneiros vigentes no país.
Nossa categoria é composta por uma parte de trabalhadores "autônomos" e outra parcela empregada via CLT. Dessa fragmentação entre os trabalhadores, os patrões se aproveitam e manobram fomentando a concorrência e competição entre os trabalhadores. Assim, eles incrementam seus lucros utilizando este expediente para rebaixar o valor do frete, ou para arrochar os salários; para colocar os trabalhadores em competição e guerra entre si pela sobrevivência.
Tal fato na prática enfraquece nossa categoria, fragmenta nossos companheiros, quebra nosso potencial de lutas e nos torna presas fáceis para a sanha dos empresários e seus agentes.
Esse o motivo por trás das organizações fajutas que dizem nos "representar", porém nunca terem tomado qualquer medida, mesmo tímida, visando unificar os caminhoneiros para uma agenda conjunta de esclarecimento , conscientização e mobilização em defesa de seus reais interesses de trabalhadores. Quem atua nos bastidores manobrando e instrumentalizando tais organizações e associações--e seus "líderes" corruptos-- são os próprios patrões, que sabem muito bem como nos manter na linha paralisados, apáticos e sem consciência, para garantir seus lucros graças a um nível selvagem e desumano na exploração de nossa força de trabalho.
A situação dos companheiros na AçoTubo
O caso dos companheiros que trabalham na metalúrgica Açotubo em Guarulhos, Grande São Paulo, ou mesmo de quem carrega ou descarrega nesta empresa é emblemático. Os companheiros relataram o aumento dos casos de assédio moral envolvendo as relações de trabalho, congelamento e defasagem nos valores do vale refeição, aumento sem precedentes da carga de trabalho, sobrepeso de materiais que precisam descarregar manualmente, etc. Quem, por sua vez, entrega ou coleta com frequência nesta empresa, está sujeito à demora e espera infindáveis para ser atendido; descaso e caprichos de supervisores e encarregados, etc.
O caso da AçoTubo é um exemplo típico das péssimas condições a que estamos sujeitos em troca de salários e fretes irrisórios e cada vez mais defasados, diante de um custo de vida absurdo que acomete toda a classe trabalhadora brasileira.
Já é hora de superarmos tudo isso. Precisamos urgentemente organizar de verdade nossas forças e traçar um plano nacional de lutas e mobilização em defesa de direitos, condições dignas de trabalho e ganhos reais nos salários e fretes.
Fazemos um chamamento a todos os companheiros caminhoneiros, empregados ou "autônomos", para fortalecermos os núcleos de apoio e organização de nossa categoria. Somente bem organizados e munidos de uma clara consciência sobre nossa real situação, poderemos avançar para humanizar nossas condições de existência sem sermos massa de manobra nas mãos de politiqueiros oportunistas e fantoches dos donos do poder.
O movimento Luta Caminhoneiro nos convoca a:
Formar e fortalecer os núcleos e comitês de apoio e luta dos caminhoneiros nos locais de trabalho e regiões de atuação, pontos de coleta e entrega;
Garantir condições dignas de trabalho e valorização nos salários e fretes;
Formar em cada município núcleos de organização e luta dos caminhoneiros.
Movimento Luta Caminhoneiro
Agosto 2025