quarta-feira, 30 de agosto de 2023

A ENFERMAGEM NÃO É CARNIÇA * Fórum de Trabalhadores da Saúde/FTS

A ENFERMAGEM NÃO É CARNIÇA
Fórum de Trabalhadores da Saúde
FTS
DR LUCAS
*
O Sindicato
(adaptado de "O Partido", de Bertold Brecht)

Mas quem é o sindicato?
Ele fica sentado em sua casa com telefone?
Seus pensamentos são secretos,
Suas decisões, desconhecidas?
Quem é ele? Nós somos ele: você, eu, vocês, nós
todos.
Ele veste a sua roupa, companheiro,
E pensa como a sua cabeça
Onde moro é a casa dele,
E quando você é atacado, ele luta
Mostre-nos o caminho que devemos seguir
E nós seguiremos com você.
Mas não siga sem nós o caminho correto
Ele é sem nós, o mais errado.
Não se afaste de nós!
Podemos errar e você ter razão.
Portanto, não se afaste de nós!
Que o caminho curto é melhor que o longo,
Ninguém nega.
Mas quando alguém o conhece
E não é capaz de mostrá-lo a nós,
De que nos serve sua sabedoria?
Seja sábio conosco! Não se afaste de nós.

BERTOLT BRECHT
*

ATAQUE DA FASCISTALHA

A Enfermagem Brasileira, como todas as demais categorias de trabalhadores do país, sofre com a penetração de organizações estranhas ao ofício. Isso não é novo, mas desde a ditadura militar de 1964 passou a ser uma constante, visível somente para o observador militante, aquele ativista social voltado para a organização da categoria enquanto parte da classe trabalhadora.

Há décadas assistimos ao surgimento de seitas nazifascistas no meio dos trabalhadores da saúde, especialmente a enfermagem. Seus objetivos sempre foram claros, e vão desde a prestação de serviço ao empresariado, caguetando o sindicalismo classista desde a base até à cúpula sindical, servindo de braço político dos partidos direitistas, e, na maioria das vezes, reprimindo até fisicamente àqueles membros da categoria que se destacam na atuação cotidiana em defesa dos direitos trabalhistas.

Notamos isso mais visivelmente nos últimos anos dentro da mobilização pela conquista do PISO NACIONAL DA ENFERMAGEM. Surgiram mais grupos na categoria do que furúnculos nos devoradores de amendoim.  Poderíamos citar todos, mas basta ilustrar com os mais agressivos: Soldados da Enfermagem, Movimento de Ativistas da Enfermagem Brasileira, União Nacional de Enfermagem, e o explicitamente bolsonarista GIGANTES DA ENFERMAGEM etc, fora grupos menos personalizados, como apóstolo enfermeiro, pastor enfermeiro, enfermeiro cristão, fulano da enfermagem, chico da saúde, mobiliza enfermagem, todos juntos formando uma verdadeira babel do ilusionismo ideológico com o fim de confundir os trabalhadores, levando-os a se hostilizarem mutuamente pelo político A ou B. 

Seria cômico se não fosse trágico, mas isso demonstra o desprestígio da profissão no mundo dos ofícios qualificados. Durante a elaboração deste texto, pedimos o apoio de um profissional aposentado para nos dar  sua opinião sobre a enfermagem, e ele resumiu "mercenarismo, prostituição e só...", pela falta de dignidade dos trabalhadores em se submeterem a um verdadeiro escravismo. Segundo ele, haja visto as décadas lutando pelo piso, coisa que bastava uma paralização bem feita, mas o que acontece é pura submissão ao patronato e à pelegada sindical.

Mas não para aí. A categoria profissional da enfermagem vem funcionando como um boi morto à beira da estrada, alimentando cães perdidos e urubus famintos.  É assim que os partidos políticos tratam os nossos "salvadores de vidas". Inclusive, lançam dezenas de colegas da categoria como candidatos a vereador
es e deputados, e os "pobres" coitados ficam se exaltando perante aos colegas, com os pífios resultados eleitorais, que diga-se de passagem, lhes rendem alguns centavos na bolsa dos votos vendidos. Há alguns que são promovidos pelas máfias milicianescas a suplentes e os imbecis passam o resto dos seus dias cantando loas a tal "sucesso". É de dar pena!

Tudo isso que estamos relatando é o espelho do sindicalismo da enfermagem, ou seja, sindicatos só de fachada, porque no fundo, só servem para tirar dinheiro dos trabalhadores e ajudar na sua exploração. Sequer, funcionam como os disk-denúncias. A conivência é tamanha que o trabalhador teme mais ao sindicato do que ao escravista que lhe explora. 

SANGUESSUGAS DE PLANTÃO

Mas ninguém imagina a última! A categoria se encontra em franco processo eleitoral para os CORENS, com eleições previstas para o mês de outubro. Neste momento seria de se esperar que os sindicatos promovessem debates onde se estudasse o modo de realização dessas eleições e os critérios para formação de chapas, inclusive trazer a conhecimento sobre a paridade do voto de enfermeiros, tecnicos e auxiliares. Seria de se esperar ainda alguma preocupação coma eleição para o COFEN: DIRETA OU INDIRETA? Há segmentos defendendo  ELEIÇÃO DIRETA PARA O COFEN. E então senhores sindicalistas, vão continuar de boca costurada? Vão, vão continuar em silêncio por que têm rabo preso. 

E não fica nisso! Agora, dentro do processo eleitoral para CORENs, a extrema direita - O BOLSONRISMO - decidiu se aproveitar da divisão dos trabalhadores em chapas "de-faz-de-conta" e acabam de lançar a criação de um partido político, dentre tantos que existem explorando a enfermagem. É o Partido da Enfermagem Brasileira-PEB, ou Partido Brasileiro da Enfermagem-PBENF. Poderíamos menosprezar esses nomes por suas feiuras, mas é bom considerar o altíssimo grau de mercantilismo político, uma vez que estamos às vésperas de uma eleição para prefeitos e vereadores em todo o território nacional. Portanto, esses mascates de porta-a-porta vão se vender por alguns vinténs ao primeiro coroné-eleitoral que lhes fizer uma "cantada...". O que lamentamos é a enfermagem ser "vendida" por seu mercado de votos, uma vez que somos milhares. 

CONCLUSÃO

Nós trabalhadores da saúde, especialmente os estratos de suporte dessa atividade, não somos lixo, nem trastes recicláveis, jogados à sanha da usura. O capitalismo já mostrou todas as suas garras contra os trabalhadores mundo a fora, mas contra nós foi ao máximo. Além da exploração sofrida no serviço público, somos sugados pelo setor privado similar à escravidão. Nesse segmento existem ferramentas marginais chamadas de cooperativas, algumas até com a dignidade do registro jurídico, mas em sua maioria, não passam de "fachadas" montadas a serviço do capital, e realizam o serviço das empresas sem nenhum vínculo legal, expondo pessoas em sua maioria "inocentes massacradas pela necessidade" aos riscos mais perigosos. Se sofrerem um acidente, são jogadas lá na calçada. Essas pessoas trabalham sem EPIs, sem uniformes e sem jornadas definidas. Esse tipo de "operação" ocorre com pleno conhecimento das entidades representativas, muitas inclusive a cargo de seus membros. Há inclusive "empresas" de dirigentes dos conselhos e dos sindicatos. 

Portanto, num emaranhado desses, como nós trabalhadores podemos nos defender? Não é fácil caminhar nesse pântano. Mas precisamos ir adiante. Precisamos garantir os nossos direitos, desde aqueles surrupiados pelas reformas "temmer-bolsonaro" até aos encaminhados pelos acordo coletivos nas campanhas salariais. No entanto, sem organização nossa, independente da pelegada x9 do local de trabalho e da direção do sindicato, não teremos força. Precisamos criar grupos por local de trabalho, por empresa, por região das cidades e dos estados, e articular o nosso movimento, movimento esse genuinamente dos trabalhadores da saúde, englobando todos os setores de suporte ao exercício dos serviços de saúde. E com isso dar um basta na urubusada bolsonarista e demais serviçais da exploração!

SINDICATO SOMOS NÓS,
NOSSA FORÇA E NOSSA VOZ!!

AMEAÇA BOLSONARISTA


*
Esta é a proposta e o convite do
FÓRUM DOS TRABALHADORES DA SAÚDE
FTS

APOIO

MOVIMENTO BRASIL OPERÁRIO
FRENTE REVOLUCIONÁRIA DOS TRABALHADORES
FRT

Sem comentários:

Enviar um comentário

Enquanto houver uma mão estendida, ninguém estará so.